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Décio Bettencourt Mateus
O Candongueiro (Para Glória, Paragem do candongueiro: Sol escaldante A fustigar gente Gente aborrecida De pé, cansada de esperar Gente entristecida Com raiva no olhar! Ao entrar no candongueiro: Correrias Gente aos empurrões Gente aos safanões Mãos leves puxam carteiras Mãos malandras nas mbundas das senhoras É assim todos os dias. Dentro do candongueiro ... Gritarias Barulheiras Gente aos desentendimentos E a protestar Gente com vincos nos rostos E com raiva no falar! Barulho Carro velho Sujo e desconfortante, Música alta e ruidosa a incomodar E a perturbar gente Gente com raiva no escutar! Carro abarrotado De gente Gente descontente A reclamar E mais gente a entrar Carro de gente empanturrado Gente apertada A suar Gente mal cheirosa encostada A transpirar Gente misturada com mercadorias É assim todos os dias. ... E durante a viagem: Só eu, no meu canto Não protesto E até gosto Do desconforto da viagem, Um encanto Viajar ao teu lado jovem (Glória, sussurraste no meu ouvido Em cima do muito ruído) Só eu, aprecio as curvas apertadas Que o motorista faz Pois muito me apraz Sentir tuas pernas encostadas Ás minhas Olhando de soslaio tuas maminhas Só eu sinto teu calor Tua respiração ofegante E teu agradável odor Só eu viajo contente Meu corpo colado ao teu Teu olhar cravado no meu! Que a viagem dure eternamente E que entre mais gente! De: A fúria do mar. Luanda: Editorial Nzila, 2003, p. 21-23. 24.11.2012 |
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